Salgueiro – Um casal diferente
Na última terça-feira, dia 21 de dezembro, foi realizada, no cinema Estação Net Botafogo, a primeira exibição do documentário “Salgueiro – Um casal diferente”.
Do diretor Pedro Monteiro, com produção de PH, e trilha sonora de Fred Camacho, o filme tem o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Acadêmicos do Salgueiro, Sidclei Santos e Marcella Alves, como protagonistas. O filme passeia pelos preparativos do carnaval de 2019, contando com vídeos do canal do Nobres Casais no YouTube, como o vídeo do ensaio técnico e o vídeo do retorno do Sidclei e da Marcella ao Salgueiro.
Após a exibição, nossa equipe bateu um papo com o primeiro casal do Salgueiro e, emocionados, comentaram um pouco a respeito desse momento:
– Pra gente, é um marco. Um marco pro carnaval e pra história dos casais de mestre-sala e porta-bandeira. Eu estava até conversando com o Pedro (Monteiro, diretor do filme), que não existia um documentário específico da preparação, ou até mesmo da dança do mestre-sala e da porta-bandeira. Foi muito emocionante pra gente. Tudo que foi no filme aconteceu e acontece de verdade. A Marcella me reinventou junto com o Bruno Germano, de uma forma muito grande. O mestre-sala e a porta-bandeira tem que ter um elo muito grande de respeito, de amizade, de lealdade. Independente de qualquer coisa, porque eu convivo muito mais com a Marcella, nesse período de preparação, do que com a minha esposa, do que com a minha família. Então, eu sei coisas dela, ela sabe coisas minhas. E é muito bom ver essa história sendo contada, perpetuada. Poxa, minha neta daqui a alguns anos vai ver, outras pessoas também. É gratificante. Estou muito emocionado. Gostaria muito que minha mãe estivesse aqui. Ela sempre me guiou nesse caminho de fazer o bem, levar alegria para as pessoas. E fazer o que eu gosto, que é a minha arte. – disse Sidclei
Já Marcella, lembrou de como é um momento significativo para ambos, já que irão comemorar 10 anos de parceria e que a preparação de 2019 ficará marcada para sempre em seu coração:
– É um momento muito importante, 10 anos de parceria, eu estou muito feliz de poder estar vivendo isso. Principalmente ao lado do Sidclei que, independente de carnaval, é uma pessoa muito importante na minha vida pessoal. O carnaval de 2019 foi, de fato, o carnaval mais difícil da minha trajetória, eu acho que está pra nascer um carnaval tão difícil emocionalmente, fisicamente. Foi um ano que, assim como eu falei no filme, eu achava que não iria acontecer e, de repente, eu me vi na obrigação de fazer valer a minha credibilidade, de entender que iria dar certo. E, ver isso tudo passando no telão aqui agora, ver todos os nossos amigos vivenciando isso com a gente, me emocionou demais. Revivi um momento da minha vida que vai ficar marcado pra sempre no meu coração. – disse Marcella.
A respeito do que os Salgueirenses podem esperar da dupla em 2023, ambos foram direto ao ponto:
– 2023 vai ser um ano totalmente diferente de todos os anos, porque cada ano é um ano. A gente não se liga na história que foi do carnaval passado, a gente vai em busca das notas máximas, de ajudar nossa escola. – disse Sidclei.
– Eu acho que vai ser um carnaval extremamente especial =, como eu falei eu estou do lado de um irmão. Na minha casa que é o Salgueiro, vivendo uma maturidade que a gente conseguiu alcançar. Não em termos de dança, porque eu acho que a cada ano a gente tem que aprender mais, cada ano a gente conhece uma coisa nova. Eu acho que o trabalho do mestre-sala e da porta-bandeira nunca vai conseguir chegar no topo, a gente tem que sempre buscar melhorar, crescer. Mas a maturidade a que eu me refiro é da parceria, do relacionamento, do entendimento do que é necessário pra um, do que é necessário pro ouro e do que é necessário pro Salgueiro. Então, assim, vai ser um ano muito especial. – disse Marcella.
Nossa equipe também conversou com o diretor do filme, Pedro diretor, e ele falou um pouco do seu encantamento pela arte dos casais de mestre-sala e porta-bandeira, desde a peça que ele fez em 2016, e sobre a preparação e realização do filme:
– Eu frequentei a Escola de Mestre Dionísio durante cinco meses e lá eu reencontrei o Sidclei e, em 40 minutos, ele me contou a vida inteira. E isso entrou na peça que eu fiz sobre os casais de mestre-sala e porta-bandeira, mas um dia a peça acabou. E, foi o que eu disse nessa primeira sessão, que eu chamei de sessão de afeto, de que o tema dos casais não me largou. E ele não me larga. Eu me emociono sempre que eu vejo esse filme. Quando ei vejo a trajetória da Marcella eu me emociono, quando eu vejo a trajetória do Sidclei eu me emociono. Eu acho que é preciso, cada vez mais, a gente documentar o que está acontecendo em relação a nossa arte. Porque o que acontece dentro de uma escola de samba, que acontece na Sapucaí, o que acontece entre os casais, é uma coisa muito potente e, se você for procurar, a documentação disso ainda é muito pequena. Com todo carinho, se a gente for agora pesquisar documentários sobre mestre-sala e porta-bandeira vai ser difícil passar de cinco, e eu já estou jogando pro alto. Quando você fala de escolas de samba não, você tem alguns. Mas, específico, não. Eu acho que um intérprete histórico merece um filme, um diretor de barracão que viveu aquilo durante 30 anos merece. Então, o meu desejo maior, é que esse filme, que a gente nem lançou ainda, ele vau ser lançado em 2023, chegue, principalmente, ao posso do Salgueiro. Se esse filme chegar no povo do Salgueiro eu já estou muito feliz. É uma dedicatória de amor a um casal que eu admiro e, ao mesmo tempo, é como eu estivesse me dando um presente porque é aquilo que eu gosto de assistir.
O documentário “Salgueiro – Um casal diferente” estará disponível para o grande público em 2023.