Nobres Casais
Destaques

Muito obrigado, Squel!

Em Mangueira, o pavilhão verde e rosa sempre foi um relicário de energia ancestral. Dele sempre fluiu a divindade concedida às porta-bandeiras que, como sacerdotisas, aceitaram a sagrada missão de defendê-lo. Segundo o professor Luiz Antônio Simas, o xirê é o momento em que os deuses baixam nos corpos das iaôs para representar – através da dança – passagens de suas trajetórias míticas. E o que é o desfile de uma escola de samba senão um grande xirê? No panteão Mangueirense, Nanã Buruque é Neide, a grande porta-bandeira ancestral. Mocinha, Yemanjá poderosa, personificação de humildade e brandura. Giovanna, a apaixonante Oxum de sorriso marcante.

Na última terça-feira, ao anunciar sua aposentadoria, Squel religou a ponte que une o Orum e o Ayê. Ao encerrar seu ciclo na verde e rosa, encantou-se (como creem nossos irmãos do norte), virando entidade. Sem surpresas, é dela o posto de bela Oyá Mangueirense. Será sempre lembrada por seu bailado aguerrido, convidando cada componente a lutar pelo campeonato. Na cabeça da escola, eram os ventos de Squel que apontavam a direção para um desfile vitorioso.

Hoje, o Ilú de Oyá ressoa pelos becos e vielas de Mangueira, se derrama pela Visconde de Niterói e desemboca na avenida onde, tantas vezes, vimos o “V” da vitória ser erguido. O toque místico, rápido e repicado, evoca a divindade de Squel.

O Nobres Casais saúda a história, o legado e a realeza de uma das maiores porta-bandeiras que o mundo já viu bailar. Homenageia, em nome da classe, uma vida inteira de entrega a nossa arte. À grande Yabá verde e rosa, registramos aqui o agradecimento pela contribuição incalculável para o mundo do samba. Pra sempre, em nossos corações, a Oyá Mangueirense, Squel Jorgea.

Um comentário sobre “Muito obrigado, Squel!

  • Eliane Santos de Souza

    Belíssimo texto.
    Emoção e sensibilidade. Uma poesia inspirada em uma linda dama que portou com galhardia e elegância o pavilhão sagrado de algumas agremiações de samba!

    Obrigada, Nobres Casais por nós afetarem assim, com tamanha delicadeza, em forma de poesia! Viva Squel!

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *