Precisamos falar sobre o segundo casal!
Você sente-se surpreendido quando o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira de uma determinada agremiação dança bem? É tomado por pensamentos como: “Ah, eles deveriam ser o primeiro” ou “Daqui a pouco vão estar em outra escola como primeiro” ? Esses pensamentos são resultado de uma crença errônea de que o segundo casal não precisa dançar bem, que são “só mais dois componentes” e que, por não serem avaliados pelos jurados oficiais, não precisam ser cobrados.
Ora, o posto de segundo casal existe para que possa, em eventuais necessidades, substituir o primeiro em suas atividades. É natural que se busque profissionais com técnica apurada e que tenham condições de assumir as responsabilidades inerentes a posição. Logo, achar surpreendente que um segundo casal dance bem é, no mínimo, ir contra a própria concepção de substitutos oficiais. No ensino do bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, não há distinção.
Desde cedo a pessoa entende que ser mestre-sala ou porta-bandeira vai muito além de dançar. O indivíduo adquire uma série de conhecimentos a respeito dos protocolos e da cultura dessa arte. Quando alia técnica e conhecimento teórico suficiente, é hora de defender o pavilhão de alguma escola de samba. Primeiro ou segundo, o mestre-sala ou a porta-bandeira são, por essência e formação, gentis e elegantes. Então quando um segundo mestre-sala é querido pela comunidade, trata a todos com respeito e dança bem, isso não significa que ele quer tomar o lugar do primeiro ou que ele deva ser o primeiro. Isso apenas significa que ele está obtendo êxito naquilo que ele escolheu. Ser mestre-sala ou porta-bandeira, independente da posição, é levar a risca toda a Cultura que foi transmitida por nossos antepassados.
Então, não cabe a ideia de um segundo casal com dificuldades técnicas, mal vestido e introspectivo, isso é totalmente o oposto do que deveria ser. É preciso lançar um novo olhar sobre o segundo casal, resgatar a essência e a importância. Assim como o primeiro, o segundo casal carrega em suas mãos o maior símbolo de toda uma comunidade. Além de todo o pensamento equivocado a respeito da qualidade de um segundo casal, certos comentários podem exercer um efeito devastador na relação entre primeiro e segundo, que deve ser pautada pelo respeito mútuo. Temos que entender que o segundo casal pode e, acima de tudo, deve dançar bem e que isso não pode ser motivo de surpresa, mas sim um padrão em todas as escolas.
Parabéns Pedro, texto bem construído e, que poderia ir até e ao terceiro casal que algumas escolas apresentam. São responsáveis pela apresentação do pavilhão que representa uma comunidade. Esse universo de conhecimento deveriam ser alcançados por todos os casais de Mestres Sala e Porta Bandeiras. Uma tradição cultural que não podemos deixar se perder.