Por trás da fantasia – Raphaela Caboclo
Em algum momento você já se pegou pensando em como é a vida de um mestre-sala ou porta-bandeira fora do carnaval? O que fazem? Onde vivem?
Pensando nisso o Nobres Casais decidiu entrevistar alguns personagens da nossa nobre arte para que eles nos contem um pouco de sua rotina fora do período carnavalesco.
Nossa primeira entrevistada é a defensora do primeiro pavilhão da Unidos da Tijuca, Raphaela Caboclo.
Nobres Casais: Raphaela, conta pra gente como é sua rotina fora do carnaval.
Raphaela: Como a maioria das pessoas: conciliando trabalho, estudo, saúde e afazeres. Embora tenha a pausa dos compromissos carnavalescos nesse período “entressafra”, se assim posso dizer, continuo com a minha rotina de treinos físicos ao longo do ano e com a agenda um pouco mais folgada consigo administrar melhor o tempo entre minha família e amigos, que se sentem “abandonados” no período de ensaios (risos).
Nobres Casais: É difícil conciliar a vida de porta-bandeira com os estudos e/ou trabalho?
Raphaela: Já passei por períodos bem turbulentos enquanto cursava Economia na UFRRJ, em Seropédica.
Devido a distância tive que morar lá e retornava para casa aos finais de semana, mas foram inúmeras as vezes nas quais recebia uma ligação solicitando minha presença no dia seguinte para um compromisso, que, muitas vezes acabava na madrugada. Dever cumprido, lá estava eu às 5h da manhã no ponto esperando o ônibus pra aula. Quando eu dava sorte do evento ser num domingo, o Alex me abrigava na sua casa e eu pegava carona com a Tati (esposa dele) que é professora lá.
Hoje a rotina ficou mais fácil já que estudo bem mais perto de casa e os eventos da Tijuca são agendados com antecedência, mas já tive que ir vestida como porta-bandeira fazer uma prova, que caiu no mesmo dia do lançamento do CD ano passado, porque a professora não me autorizou realizá-la mais cedo. Vendo a minha situação, quando terminei a prova ela se desculpou.
Nobres Casais: Estamos no início de mais uma temporada carnavalesca, mas nessa fase as coisas estão mais tranquilas. Nesse período você consegue descansar bastante ou o carnaval é de fato o ano todo?
Raphaela: Descanso não significa ausência de trabalho para quem tem como principal instrumento o corpo, que como uma máquina, precisa ser mantido em movimento para não enferrujar, ou no caso, lesionar. Então apesar dos compromissos serem mais raros, os treinos continuam, inclusive nossos ensaios privados, especialmente com o início do segundo semestre e a retomada das atividades para o próximo carnaval.