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O leque, o lenço e o bastão

A dança do mestre-sala, caracterizada pela nobreza e garbo de quem a executa, ganha um brilho a mais quando o protetor do pavilhão utiliza um dos três objetos emblemáticos dessa arte: o leque, o bastão ou o lenço. Dos três, o mais utilizado atualmente é o bastão (que tem como maiores representantes Fabrício Pires e Julinho Nascimento), seguido pelo leque (destacam-se Daniel Werneck e Peixinho) e por fim, o lenço (tendo como referências, Claudinho e Rogerinho). Existem os que, a exemplo do Daniel Werneck, utilizam lenço e leque ao mesmo tempo (o que requer uma técnica específica). Os significados de cada um desses objetos são desconhecidos pela maioria das pessoas e é sobre estes que  escreverei algumas linhas.

O leque remete aos salões da corte, onde se dançava o minueto, dança que influenciou de forma significativa a construção do bailado do mestre-sala. Ele significa elegância. Deve ser usado de forma cortês, com leveza e solenidade. Nunca em prol do mestre-sala, sempre no intuito de cortejar a porta-bandeira.

O bastão é o sucessor da navalha utilizada pelos balizas dos antigos ranchos. No começo tinha a mesma função que a lâmina, salvaguardar o estandarte e a porta-estandarte de ataques de balizas de ranchos rivais. Com o surgimento das escolas de samba, e do casal de mestre-sala e porta-bandeira, o bastão é incorporado ao bailado, não mais sendo utilizado para proteger, mas como uma extensão do corpo do mestre-sala. Ele significa determinação. Com ele o mestre-sala conduz a porta-bandeira, determina e limita o espaço da dança e apresenta o pavilhão.

O lenço significa gentileza. É utilizado para demonstrar amabilidade e delicadeza do mestre-sala para com sua porta-bandeira.  Sua origem também remonta a época dos ranchos, era no lenço de linho que o baliza escondia a navalha.

É bom lembrar que a utilização ou não desses três objetos não são levadas em consideração no julgamento oficial de nenhuma das entidades que administram o carnaval do Rio de Janeiro, mas uma vez optado por se apresentar com um deles, o mestre-sala deve mostrar perícia e apuro técnico.

Eles não devem ir ao chão, atrapalhar a evolução da porta-bandeira ou impedir que o mestre-sala desenvolva as mesuras e maneios exigidos no regulamento.

*Agradecimentos especiais ao Mestre Carlinhos Brilhante e ao senhor Waldir Gallo.

Um comentário sobre “O leque, o lenço e o bastão

  • Thiaguinho Mendonça

    Excelente texto, saber o significado é tão importante quando saber utilizar.

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